Tuesday, March 20, 2007

METRO ATÉ AO ACTUAL AEROPORTO DE LISBOA?

Esta notícia tem cerca de 2 meses:

Extensão do metro ao Aeroporto vai arrancar

As obras de prolongamento da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa até ao aeroporto da Portela foram adjudicadas ontem e arrancam até sexta-feira, data que, segundo a empresa, garante a atribuição de um financiamento comunitário de 165 milhões de euros ao projecto.

A execução dos toscos entre a estação Oriente e a estação Aeroporto foi adjudicada ontem ao consórcio formado pelas empresas MSF, OPCA, Edifer, Sopol e Alves Ribeiro, com um prazo de execução de 32 meses.


Em comunicado, o Metropolitano de Lisboa garante que a consignação da obra "será efectuada até dia 2 de Fevereiro", prevendo-se que a inauguração do novo troço da Linha Vermelha ocorra em 2010.

A adjudicação da obra e o arranque dos trabalhos até sexta-feira garante, de acordo com a empresa, que a União Europeia financiará o projecto com 165 milhões de euros, verba que esteve em risco de não ser atribuída devido ao atraso do projecto em relação ao cronograma que foi aprovado por Bruxelas.

Em comunicado, o Metropolitano de Lisboa sublinha que "a presente deliberação só agora pode ser tomada, uma vez que apenas na passada sexta-feira, dia 26 de Janeiro, foi indeferida, por decisão judicial, a providência cautelar que suspendeu a tramitação do presente procedimento concursal".

Em causa estava uma providência cautelar interposta pelo segundo classificado no concurso público para a execução dos toscos entre o Oriente e o aeroporto, o consórcio liderado pela Zagope, contestando a classificação técnica do consórcio classificado em primeiro lugar.
Ainda em 2006, o Metropolitano de Lisboa invocou o reconhecimento do interesse público para travar esta acção judicial, alegando que os fundos comunitários assegurados para a obra seriam perdidos caso esta não arrancasse até ao início de Fevereiro de 2007.


Em causa estava uma verba correspondente a cerca de 85 por cento do investimento total no prolongamento da Linha Vermelha até ao aeroporto da Portela. As obras que se iniciam até ao final da semana foram adjudicadas por 107,461 milhões de euros, estando previsto que ainda em 2007 o Metropolitano de Lisboa lance um segundo concurso público para os acabamentos das três novas estações - Moscavide, Encarnação e Aeroporto -, no valor de cerca de 80 milhões de euros.
Inês Boaventura /
http://jornal.publico.clix.pt/noticias

______________________________________________

A nossa questão é:

Fará sentido investir no prologamento de uma linha de Metro desde o Oriente até à Portela, numa altura em que politicamente já está decidido que haverá um novo aeroporto mais longe de Lisboa, muito provavelmente na Ota?

Numa linha (a linha vermelha) que já tem as obras em curso para o seu prolongamento desde a Alameda até S. Sebastião?

Investir numa linha que dentro de 10 anos não levará a lugar enhum, ou será já a espectativa de ter no espaço do actual aeroporto da Portela um a área ampla para imobiliário, estilo grande bairro urbano e/ou de escritórios, que ajude o Estado a compensar os gastos e despesas com a construção do novo aeroporto?

Será que na actual Portela vamos ter uma nova "Expo", que de espaço agradável, se transfomou nos últimos anos numa das mais densas áreas urbanas da cidade?

O que motivará uma empresa pública a extender uma linha de metro substerrânea para um terminal aeroportuário que dentro de 10 anos será desacvtivado?

Friday, March 16, 2007

Ramal de Lagos ao abandono?













Numa altura em que se inicia mais uma época alta de turismo no Algarve, assistimos ao triste espectáculo das estações do ramal de lagos votadas ao abandono, sujas e grafitadas. Passar por elas é uma autêntica dor de alma.

E para quem viaja neste ramal o mesmo se passa dentro dos comboios: sem climatização e com automotoras sujas tanto exterior como interiormente. Há dois anos prometeram-se melhoramentos nos comboios, mas até agora nada foi feito. Como é que se pode esperar que haja um incremento nas viagens se duas cidades deste ramal continuam a ter de fazer transbordo em tunes, sem ter um comboio directo, à semelhança do que acontecia há anos atrás? Até o ramal de derivação de tunes para o barlavento foi sacrificado a favor de um viaduto...rodoviário!

Até quando tudo isto, num ramal que ainda persiste em ter uma boa aceitação tanto pelos nacionais como pelos estrangeiros que nos visitam?


by Carlos Barreto - http://www.comboios.org/forum/
_________________________________

Mais um triste exemplo de serviço público garantido através de má qualidade.

As linhas e ramais de interior e que não pertençam à chamada rede estratégica nacional estão assim, com instalações a cargo da REFER ao abandono, principalmente muitas que deixaram de ter funcionários para vender os bilhetes e desde que o movimento ferroviário deixou de justificar a presença de pelo menos um ferroviário em cada estação para fazer as agulhas, garantir os cruzamentos etc, e com material circulante do mais antigo que há na União Europeia.

Sei que planos mais ou menos vagos há muitos, mas decisões nada.

Sei que os comboios que foram para a Argentina eram velhos, mas os que por cá permanecem pouco mais novos são.

Sei que a Linha do Algarve entre Lagos e VRSA deveria ser electrificada e que pelo menos entre Tunes e Faro talvez se justificasse a duplicação da via para absorver os comboios que fazem Faro/Lisboa.

E sei que as UTE's 2000 vendidas ao país das Pampas, bem modernizadas e eventualmente remotorizadas poderiam servir muito bem para o Algarve.

Mas infelizmente todos sabemos que a ferrovia não está no topo das agendas políticas dos governos desde Ferreira do Amaral que condenou o comboio em Portugal em detrimento da rodovia, se exceptuarmos agora esse "desígnio" que se chama TGV.

Wednesday, March 7, 2007

LINHA DO NORTE E ALTA VELOCIDADE INCOMPATÍVEIS POLITICAMENTE ?




Alta velocidade faz parar investimento na rede ferroviária convencional


Regresso aos trabalhos de modernização da Linha do Norte só deverá acontecer em 2008; composições poderiam demorar menos meia hora a ligar Porto e Lisboa O maquinista suspira de enfado ao imobilizar o Alfa Pendular n.º 132 em frente ao sinal vermelho, nas imediações de Coimbra. São 14h56.


O comboio, que arrancou do Porto, só lá deveria chegar às 15h18. Leva 22 minutos de avanço e vai ter que esperar pela luz verde para poder entrar na estação. Lá atrás, os passageiros impacientam-se. Ainda há poucos minutos viajavam a 220 quilómetros/hora e agora estão para ali parados numa curva.


Com a Linha do Norte modernizada em 60 por cento do seu percurso, a viagem entre Lisboa e o Porto transformou-se num autêntico rally, com troços em que a composição dá safanões e abana ao atingir os 140 quilómetros/hora e outros em que desliza suavemente a 200.


Em vez das três horas actuais, a ligação entre o Tejo e o Douro poderia ser feita em menos 30 minutos, mas a Refer mantém uma "almofada" horária que impede a CP de aproveitar integralmente a linha porque, lá para 2008, serão abertas novas frentes de obra para prosseguir com a modernização, agora já com parâmetros mais baixos, de acordo com as orientações do Governo.


Velocidades comedidas


Entretanto, a Refer está quase parada, sem investimentos à vista, para articular a modernização da rede convencional com a estratégia aprovada para a alta velocidade.


Em vez dos 200 e 220 quilómetros/hora previstos, as novas velocidades para os troços que faltam intervencionar, encomendadas pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, serão de 160 para os comboios convencionais e 180 para os Alfas Pendulares. Uns e outros, porém, podem circular a 190 e a 220, respectivamente. O rally ferroviário entre Lisboa e o Porto vai suavizar-se, mas manter-se-á.


A poupança daí resultante é que continua a ser um segredo de Estado. O Ministério das Obras Públicas não respondeu às perguntas do PÚBLICO sobre esta matéria.


Os 137 quilómetros da Linha do Norte que ainda faltam modernizar vão custar menos, mas, segundo alguns técnicos da Refer, às vezes o barato sai caro. Sobretudo se se tiver em conta a paragem do projecto e o tempo - sempre lento - de rearranque, bem como os custos (dificilmente quantificáveis) do operador CP não se aproveitar integralmente o investimento já realizado.


O próprio Tribunal de Contas alertou já para esta situação, ao dar-se conta de que existe uma intenção de não reduzir demasiado os tempos de percurso do Alfa Pendular para poder justificar a vinda da alta velocidade, prevista para 2015, entre Lisboa e o Porto.


Dúvida sobre investimento


Para as linhas convencionais, segundo uma resposta do Ministério das Obras Públicas e Transportes a um requerimento formulado por um deputado eleito pelo partido Os Verdes, serão gastos em 2007 mais de 500 milhões de euros.


Confrontada com este valor, a Refer, que gere a rede ferroviária, recusou responder ao PÚBLICO onde serão aplicados.


Neste momento, além da construção de dois pequenos ramais para mercadorias (um em Aveiro e outro no Seixal), a Refer só tem previsto um investimento de 24 milhões de euros na variante ferroviária de Alcácer do Sal.


O investimento previsto para a modernização da Linha do Norte era, em 1990, de 593,1 milhões de euros, a que corresponderiam 1133 milhões de euros a preços actuais. Até agora (entre 1996 e 2006), foram investidos 1106 milhões de euros, mas só 60 por cento da linha foi intervencionada.


A derrapagem financeira é difícil de estimar porque o fluxo de investimento decorreu durante dez anos e nem sempre de forma continuada, mas indicia que se gastou mais do dobro para quase metade do trabalho. Estão modernizados quatro troços, que totalizam 200 quilómetros, dos 337 que a linha tem.

In Público de 4 de Março de 2007


__________________________________________


Ainda mal se falava na Alta Velocidade, e já os trabalhos de modernização da linha do norte se arrastaram durante anos, para agora mis de 10 ano volvidos apenas 60% dessa linha poder suportar velocidades comerciais de 220 km/hora.

E se a notícia corresponder à realidade dá a sensação de jogadas menos claras numa altura em que muita gente, legitimamente se questiona sobre a conveniência de termos comboios confortáveis e que poderiam ligar Lisboa e Porto em menos de 3 horas, e que na altura da aquisição desse material circulante representou um investimento muito significativo, embora com o retorno decorrente de parte da produção ter sido feita em Portugal, com a linha do norte modernizada na totalidade, e investir antes numa linha de raiz de alta velocidade.

Coisa que dará de comer a empresas e investidores, e sem dúvida que será um motor de crescimento económico, restando depois a dúvida sobre se será rentável termos duas linhas paralelas a ligar as mesmas cidades, uma de real Alta Velocidade, e outra de velocidade suficientemente alta.


Ou estarão os portugueses condenados a viajar na Alta Velocidade previsivelmente cara, se tiverem pressa na viagem, ou utilizar a actual linha em regimes de IR, para que a viagem demore pelo menos 4 horas em cada sentido?


Uma foma de então sim, rentabilizar e garantir clientes para a nova Alta Velocidade?

Ou a Alta Velocidade terá preços competitivos, ou as pessoas continuarão a preferir os velhos Alfas Pendulares, e acho que farão muito bem.

E se tudo for uma estratégia, a de atrasar a modernização para deixar mercado livre para a Alta velocidade, num país que até perdeu a capacidade de construir pelo menos parcialmente comboios em Portugal com o encerramento infame da SORFAME, creio que as políticas ferroviárias em Portugal bateu no fundo.

No fundo da incúria ao deixar degradarem-se linhas até que reste como única opção o seu encerramento, ou então apostar em duas linhas de alta velocidade europeias e deixar tudo o resto como nos anos 60 ou 70 do século passado.